segunda-feira, 26 de setembro de 2011

The great lambe-lambe in the wall

Devido a fatores mil, o suspense da postagem final se estendeu até limites nunca dantes atingidos: as pessoas estão roendo cotocos de unhas, suando frio, contando as horas dos dias e dormindo debaixo da pia na esperança de ler essas linhas. Bom, aqui estamos.


Depois de muitos contratempos durante a oficina de HQ, conseguimos reunir o grupo - ou parte dele - para debruçar-nos sobre um tema simples e desenvolver uma história juntos: os problemas. Bem, algo bastante genérico e muito comum, certo? Quase como acordar todos os dias. Mas, especificamente, a ideia era pensar naquilo que aparentemente não tem escapatória na rotina da vida. Para quê?, você se pergunta.


Para solucionarmos. Ou simplesmente identificar e pensar criativamente sobre isso.
A grande vantagem de poder criar histórias é que você tem a possibilidade de partir da realidade e moldá-la da forma que você acha que poderia ser interessante. Por exemplo: você pode inventar, digamos, uma história a partir de uma massante aula de matemática, onde de repente as paredes começam a derreter como cera de vela quente, dando lugar a estranhas estátuas verde-esmeralda de rinocerontes ferozes que demonstram que a área de construção da escola é na verdade um santuário mágico que foi despertado quando o professor proferiu qualquer fórmula de cáculo absurda com uma voz mais grave que a habitual. Esse é só uma possibilidade dentre infinitas.  


A partir de conversas quase psicoterapêuticas, o grupo identificou pontos problemáticos do seu dia-a-dia e fez uma tirinha que retrata - com humor - uma desesperada prisão urbanóide. A forma de divulgação desse trampo é que foi diferente - ao invés de buscar publicar um zine ou espaço em algum jornal regional, decidimos nos utilizar da forma mais sem escolha para o leitor e o transeunte desavisado que simplesmente se dirige ao aconchego de seu sofá defronte à televisão na sala de estar e passa os olhos no muro: nos publicamos através um grande lambe-lambe de HQ.


Aqui está um registro do processo de colagem:

Preparando para divulgar o blog




Analisando o terreno

Preparando para colar

"Non Dvcor Dvco"

Rolinho não foi a escolha mais inteligente, mas valeu!








Passantes incrédulos com o conteúdo da tira

Discutindo para solucionar



A HQ pronta!
No final, pose pra foto: criadores e criatura

Enfim, adorei. Apesar do dia quente, seco, superensolarado, que secava rapidamente nossa pouca cola branca nos forçando a colar fita crepe nos cantos do lambe fazendo-o parecer um enorme curativo de ferida, valeu muito a pena! A adversidade foi pouca pra disposição que o pessoal teve. Parabéns pra todo mundo! :)


Obrigada de coração ao CEFOPEA, à Reciclázaro, à biblioteca Adelpha Figueiredo, que nos cedeu o muro, à Pétala, nossa grande fotógrafa e, especialmente, aos participantes da oficina de história em quadrinhos do ano de 2011, sem os quais isso tudo não teria acontecido.


Pra finalizar o post - e não o blog, que continua sempre que houver uma oficina de HQ pra ser documentada - ouçam a música que nos serviu de inspiração pra confeccionar pacientemente durante várias aulas seguidas os grandes quadros. YEAH!!



See ya. ;)

sábado, 10 de setembro de 2011

Forjando realidades

Antes do post sobre a conclusão da oficina, não posso deixar de falar sobre nosso exercício com máscaras. Não máscaras-stencil, mas aquelas faces feitas em papel (no nosso caso) para acobertar a face verdadeira.

Grande referência: Saul Steinberg!

Quando fizemos esse exercício tínhamos em mente explorar a criação histórias a partir de personagens já existentes - como, no caso, Turma da Mônica e Henfil - onde vestiríamos sua personalidade e nos comportaríamos como eles em situações novas. Podemos chamar isso de live-action, de certa forma, que é um jogo onde, assumindo a existência de outrem, e é preciso lidar com novos problemas.

Cada participante escolheu um personagem que tem identificação e refez seu rosto em papel. A partir disso pensamos juntos na personalidade de cada um e fomos criando as situações aleatoriamente. Foi caótico e bastante divertido, afinal!

Cada um deveria posteriormente criar uma pequena HQ que sintetizasse algum bom momento do jogo, mas essas HQ acabaram se perdendo dentro de pastas e mochilas cheias de chaveiros coloridos. Mas já dá pra ter uma boa noção da brincadeira pelas fotos!

Jeremias

Chico Bento

Magali

Fradim

Cebolinha

Dirigindo pro passado!

Espleitando e bolando planos infalíveis

Orando pela obsolescência programada 
Confusão

Máscaras!

Homenagem ao admirável Saul!

Fotos da incrível Pétala!

:)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mistura encenada

Como eu disse (eu disse?) experimentamos ao longo da oficina diversas formas de se expressar. Afinal, fazer quadrinhos não é só sentar a bunda na cadeira e desenhar - apesar de ser o ofício que consome boa parte da energia na criação da HQ - mas é também recolher experiência com vivências diversificadas e bom conteúdo para criar uma história com força, para ser transmitida do jeito que você escolher.

Então fizemos uma aula com a professora da oficina de teatro, Erika Caseiro, e ela propôs uma série de exercícios e imporvisações que estimulam a criação de uma forma mais espontânea. Primeiramente, fizemos uma roda de conversa onde expusemos problemas pessoais que havia identificação com outros também, tornando-se um problema de certa forma coletivo, e ao longo dos exercícios fomos tentando solucionar nossos casos na ficção e pensando nos possíveis motivos desses tais problemas.

Algumas fotos da oficina:

Erika, que nos guiou

Clássica andança teatral pelo espaço

Discutindo

Experimentando

Examinando

Brincando

Trocando impressões

O pessoal que nunca tinha feito exercícios de teatro ficou realmente empolgado com as possibilidades. E isso abriu portas pra a discussão da conclusão da oficina - aguardem o gran finale!!

:)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Máscaras reveladoras

Estêncil ou stencil é uma técnica de aplicação de ilustração, letra, número ou qualquer outra forma que você puder imaginar atráves do vazamento de tinta (seja ela qual for) pelo corte em papel ou acetato. Onde será essa aplicação, você pode pensar em inúmeros locais: tecido, papel, tênis, madeira, geladeira, parede ou muro. Essa última opção (que não é de forma alguma a última das possibilidades) é muito comumente usada por grafitteiros, aqueles caras que mostram na rua mesmo o seu trabalho. É feito no mundo todo, mas temos exemplos (de muito peso) aqui no Brasil - que servem muito bem pra ilustrar o que é, pra quem ainda não entendeu:

Mini produção da dupla Alto*Contraste 
OZI e seu incrível-enorme São Jorge
Uma obra metalinguística do Daniel Melim

Essas são as máscaras, ou seja, o negativo do trampo, o papel cortado.
Abaixo, umas fotos de processos e resultados.

Alto*Contraste
Chã e Alto*Contraste de novo!
OZI, Luis Vitão

Você deve estar pensando "mas que raio stencil e grafitti tem a ver com histórias em quadrinhos?". Bem, basicamente fomos pensando em outras maneiras de ler quadrinhos e divulgar o resultado do processo de criação na oficina misturando linguagens. Mas isso é assunto para daqui uns dois posts, quando mostraremos os resultados desse processo final de criação coletiva! É realmente imperdível. :)

Nossos stencils foram feitos em uma única aula, então foi algo bastante simples - o pessoal nunca havia feito! - mas acharam que, além de divertido, o resultado foi bem satisfatório:





Aguardem os próximos episódios!